Cadernetas
Ahhh essa tão inesgotável fonte de despesa. Podia não parecer muito, afinal, 40 paus por uma saqueta de 5 cromos é, na mente de um puto, uma pechincha sem igual. Mas no final, somando todas as saquetas mais a caderneta dá um valor considerável. Claro que olhando em retrospecto o prazer que aquilo dava (vá suas mentes rebarbadas, sabem que não estou a falar disso...) é priceless e por isso insistiamos em completar aquilo, a todo o custo. Especialmente bom para tal era um espirito de negócio aguçado e um pouco de sorte para encontrar um miudo estúpido o suficiente para trocar um cromo banal por cinco dos "mais díficeis" (sim, havia niveis de dificuldades não oficiais atribuidos a cada figurinha, que valorizavam o investimento). Qual feira da ladra, todos os recreios se transformavam em locais de regateio. Havia para todos os gostos e idades, desde os super-heróis da moda (He-Man, Tartarugas Ninja) até à Barbie, filmes e, claro de Futebol. Sim, todos os anos a Panini (principal empresa do negócio do "chula-os-putos", digo, cadernetas) lançava o album oficial da temporada, com fotos dos principais jogadores das equipas da primeira divisão, bem como cadernetas para os eventos desportivos (Mundial e Euro). E nós lá iamos, que nem uns desesperados, a correr para acabar aquilo o mais depressa possível... Eu cá sinto falta, até já pensei em começar alguma dessas novas, mas ainda "não se proporcionou" (expressão preferencial para "não tive uma ponta de paciência). Talvez agora. Ah... a emoção de abanar a carteirinha antes de a abrir, o que, pensando bem, não faz sentido absolutamente nenhum, e depois percorrer rapidamente os olhos pelas figuras, sabendo instantaneamente se já tinhamos, graças a uma base de dados avançada (e assustadora) que todos possuiamos acerca do que já nos tinha calhado. E, claro, o sentimento de imbecilidade quando os habilidosos como eu colavam o maldito mal e aquilo ficava com um vinco ligeiro, mas que estragava logo a estética da página...
Bons tempos, bons tempos.